POR DO SOL DO RIO GRANDE DO SUL

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Quando a tarde cai, e o sol beija o horizonte a pampa se cala para escutar os grilos

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HO DE CASA

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Á Beira do Fogo

Causos Gauchescos

O Livro Á BEIRA DO FOGO, não é um livro comum
assim como não é comum à capacidade criativa do
povo brasileiro. Este livro, trás 24 causos narrados
de uma forma diferente de tudo o que foi editado
no gênero, pois os mesmos são descritos, como se
o autor realmente tenha vivenciado os fatos.
São narrativas bem humoradas e com bom
enredo, onde o autor inventa as situações mais
inusitadas, acontecidas em ranchos e pesqueiros
assombrados, cruzamentos entre raças, caçadas e
pescarias, como o fato de matar 77 caturritas de
um tiro só usando uma carabina descarregada,
Pescar com um couro de cobra ao invés de rede,
relatar um romance com o fantasma de uma bela
moça, entre outros ainda mais difíceis de acreditar.

segunda-feira, 23 de agosto de 2010

A ÁGUA DO CERRO ( Causo do livro Prosa de Galpão)

A ÁGUA DO CERRO




Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista para mim, sempre foram e serão uma coisa só, pois além de Santaninha haver se emancipado de Caçapava, os dois lugares são conhecidos no Brasil inteiro por seus pontos históricos, como o Forte Dom Pedro e a Toca da Tigra, mas também por belas obras da natureza como o rio Camaquã e uma enormidade de pedras e cerros de beleza incomum.

É como um dia desses, eu dizia em uma roda de causos: - Piratini, Caçapava do Sul e Santana da Boa Vista é tudo igual, pois tudo é Capital Farroupilha. Afinal, Santaninha se desmembrou de Caçapava.

Entre essas belezas naturais e históricas, Caçapava do Sul tem o Forte Dom Pedro, as Guaritas, a Pedra do Segredo e a Pedra do Macaco. Em Minas do Camaquã, além das galerias das minas tem a Pedra da Cruz enquanto que em Santaninha tem o Cerro da Ronda e a Toca da Tigra.

Pois é nesse Cerro da Ronda, que eu penso já ter falado em outros causos e volto a falar agora, pois é uma pedra que deve ter uns trinta ou quarenta metros de altura, formado por um paredão liso por todos os lados, e fica na região denominada Rodeio Velho, no interior de Santaninha e fazia parte dos campos que eram de meu falecido tio Deoclides Moreira.

Na verdade, o cerro é um potreiro que deve ter mais ou menos, umas oito braças de campo no topo da pedra e diga-se no meio deste assunto, além de ser um campo abrigado e bueníssimo de pasto, tem uma vertente de água que é uma cousa de louco. Água pura que verte inverno e verão de uma racha de pedra formando um belo lagoão que dá até alguma trairita de tamanho regular.

Para subir no cerro, só existe uma trilha que não cabe mais do que um animal de cada vez e, por isso, se torna um lugar de fundamento para criar gado e cavalo, pois basta atravessar meia dúzia de ramas para que animal nenhum consiga fugir.

Era nesse potreiro que meu tio botava terneiros e potros na época do desmame.

Diz a história, que em tempo de guerra, um exército inteiro fez campana em cima do Cerro da Ronda, pois devido à altura, era um lugar de fundamento para vigiar toda a região, pois dali se enxerga léguas e léguas ao redor.

Bueno gauchada, acho que entenderam mais ou menos o jeito do Cerro da Ronda e agora vamos ao fundamento deste causo que agora conto.

A casa do tio Deoclides, distava uns quinhentos metros daquele monumento de pedra bruta e, naquele tempo, traziam água para o consumo de uma cacimba que havia quase ao pé do cerro. Acredito até que a água tinha origem na mesma racha e vinha descendo pelas abas de pedra e, como era um bocado longe, era trazida em uma pipa feita de um barril, colocado em uma forquilha de madeira e puxada na cincha de um cavalo ou a pescoço de boi manso.

Essa lida dava algum trabalho, pois o consumo da casa não era pouco e precisava prender um cavalo quase todos os dias para arrastar a pipa.

A vontade de meu tio, era de encanar essa água e levar até a casa, mas o lugar da cacimba era muito baixo e para fazer isso, só colocando uma bomba ou fazendo um cata - vento, mas qualquer uma das idéias era bastante cara, pois além dessa montoeira de coisas ainda teria o encanamento.

Bueno, essa região do Rodeio Velho tem uma distância de mais ou menos seis léguas de Minas do Camaquã e com isso, a rapaziada daquelas campanhas, terminava sempre arrumando um bom emprego na vila. No caso do tio Deoclides, dois sobrinhos trabalhavam por lá quanto surgiu a notícia de que estavam paralisando os serviços da mina.

Certo dia, meu tio ouvindo os avisos da Rádio Caçapava, o que era um costume diário naquelas campanhas, escutou o chasque de um desses sobrinhos pedindo que fosse com urgência com uma carreta a Minas do Camaquã, pois lhes havia conseguido uns metros de mangueira para encanar água.

Não se entusiasmou muito, por achar que seriam uns quarenta ou cinquenta metros de mangueira, mas resolveu atender mesmo assim o chamado do rapaz e, para garantir a viagem, à tardita deixou a carreta carregada até os fueros de lenha buena de aroeira preta que há dias secava em cima de um lajeado, pois mesmo que fossem poucos metros de mangueira, a venda da lenha renderia uns pilas.

Na madrugada seguinte, prendeu os bois, botou um fiambrezito na mala para a viagem e pegou a estrada. Afinal eram seis léguas de estrada e boi manso tem um tranco lerdo.

Com meia braça de sol, chegou a Minas do Camaquã. Para vender a lenha foi num upa e assim, antes do meio dia, estava encostando a carreta no portão da ferraria para pegar as mangueiras.

Espantou-se quando viu, pois eram tossores de um tipo de mangueira reforçada com borracha e um tipo de cordão por dentro. Essas mangueiras antes eram usadas para levar o ar comprimido aos marteletes, e que pelo fato de estarem encerrando as atividades de mineração, não haveria para quem vender e com certeza o destino seria uma bela fogueira para não ficar ocupando lugar nos galpões.

O homem velho não era dos mais estudados, mas sabia por instinto que se aquelas mangueiras suportavam ar comprimido, por certo não haveria pressão de água que lhes rompessem e para melhor ainda, voltou com a carreta lotada até os fueros de mangueira e com certeza, poderia canalizar a água, não da cacimba e sim da vertente que havia lá no topo do cerro da Ronda. Assim a água desceria esses vinte ou trinta metros de paredão, sem precisar de bomba e nem cata – vento.

Não foi sem sacrifício, que junto com alguns vizinhos e muita cincha de cavalo, conseguiu puxar a ponta da mangueira até o poço que se formava abaixo da racha de pedra, no alto do cerro, pois só lá em cima tinha mais de quinhentos metros de extensão até chegar à aguada.

Puxaram a outra ponta da mangueira, aproveitando forquilhas das árvores do mato para deixar mais ou menos alevantada, até chegar ao galpão, onde fez braçadeiras de arco de barril, para deixar bem pregada em um dos esteios.

A duras penas, conseguiu enfiar uma torneira de metal no buraco da mangueira e depois arrochar bem ela com um arame de quincha fazendo um tipo de torniquete pra mó de aguentar o tirambaço da pressão que com certeza a água iria descer lá do alto do cerro.

Tomou ainda o cuidado de deixar a torneira aberta, e só então pediu a um dos vizinhos, que subisse e destampasse o outro buraco da mangueira, que ficava lá dentro do poço no alto do cerro.

A partir daí, era só esperar a goela daquela mangueira, trazer água até o rancho.

Meia hora depois o vivente abanou a camisa lá em cima, dando conta que a tarefa estava cumprida, então o meu tio e os demais viraram os olhos para o curso da mangueira cerro abaixo e viram que nos lugares limpos ela se retorcia que nem cobra molhada de creolin e no meio do mato se ouvia o ronco da água e se conseguia notar o tremor no folharedo das árvores.

Foi num upa e a água mostrou a força que vinha, pois a pressão foi tanta que mais pareceu um tiro de canhão quando bateu na torneira ali colocada.

A torneira sumiu no ato, fazendo um vuuuuuuu e limpando folhas de laranjeira na cruzada.

Meu tio, até imaginou que alguém tivesse fechado essa torneira por não ter a noção da força que a água pudesse ter naqueles tantos metros cerro abaixo.

Pra não me espichar muito neste causo eu afirmo que a ideia de encanar água não deu certo, em partes devido à força exagerada que a água tinha, mas resolveu-se o problema do mesmo jeito, pois a pressão foi tamanha, que se abriu um socavão tão fundo ao lado do esteio do galpão que chegou até um veio de água que tinha há mais de trinta metros de fundura.

Nunca mais secou, e no lugar foi feito um poço, que afirmo, pois isso eu comprovei e está até hoje nos fundos da tapera.

Nem a estiagem de 1987 foi capaz de baixar um palmo no nível da água.

No dia seguinte, meu tio observou a corvada revoando na costa do cerro e resolveu dar uma bombeada para ver se havia morrido algum bicho no campo.

Encontrou uma vaca morta, bem na divisa com o campo do seu Belmiro Marques, a uns oitocentos metros da casa.

Assim comprovou que de fato a pressão de água tinha sido um assombro, pois a pobre vaca estava com a torneira enfiada na cabeça, e a dita tinha entrado no olho esquerdo do animal e saído só o biquinho no direito.

Assim ficou comprovado também, que de fato estava aberta quando recebeu a pressão da água, pois no biquinho dela ainda gotejava o miolo da vaca.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

TRECHOS DO LIVRO DISPONIVEL NO GOOGLE

à Beira do Fogo - Resultado da Pesquisa de livros do Google


Severino rudes Moreira

books.google.com.br/books?isbn=8578935640...

segunda-feira, 2 de agosto de 2010

DAS CRUZES ( Musica vencedora da Tropeada do Canto e do Verso Sulino de Caxias do Sul)

DAS CRUZES


Severino Moreira/Zulmar Benitez/Cristian Camargo



São tantas a Cruzes, que o mundo tem

Porém raras vezes, se para pra pensar,

Que nem todas simbolizam suplicio

Nem todas nos plantam, Argueiros no olhar



O olhar que cruza. É um buenas tarde

Sauda quem chega, acena quem vai

E quando a mão é cruz sobre o peito

Simboliza a fé. “Em nome do Pai”.



Uma cruz que envelhece no vazio da Pampa,

É de quem carregou a cruz mais pesada,

E a cruz que ressalta n´algum mausoléu,

Traduz uma vida, que não faltou nada.



As cruzes que voam, em tarde de sol,

Se tem asas negras, são funerais,

Mas quando aparecem, com branco nas asas,

Retinas vislumbram os tempos de paz.



A cruz das estrelas, na quincha do pago,

É que da o sentido, na cruz da estrada

E as cruzes do pingo, que uso por trono

É onde eu cruzo feliz nas canhadas.



Os braços abertos é a cruz do corpo

É alma aberta, sentimento fraterno,

E esse calor, que brota por dentro,

Ameniza agruras, de qualquer inverno.



Na cruz de uma adaga, escora-se o golpe

A cruz no estanho é fogo mortal,

A cruz missioneira multiplica braços

E revive a história, num canto imortal.



A cruz na boca pede silencio,

A cruz a quem benze, tem dialeto,

A cruz no papel é escola da vida,

O aval na palavra, do analfabeto.



Esta na cruz, a paixão de Cristo

Da Cruz se fez o nome de alguém

Se a cruz representa, santíssima Trindade,

Tem a fé que traduz, o caminho do bem.

LIVRO Á BEIRA DO FOGO

MEU LIVRO


O Livro de causos gauchescos “A Beira do Fogo” de Severino Rudes Moreira acaba de ser reeditado pela Biblioteca 24X7, uma representante da Seven System em São Paulo

O livro pode ser comprado impresso ou online ou ainda locado por tempo determinado via internet.

Acesse e confira: WWW.biblioteca24x7.com.br WWW.biblioteca24x7.com.br